4 de jun. de 2009

A outra face da moda



O universo da moda é encarado por muitos como algo supérfluo,e a mídia ajuda a passar a idéia da hipervalorização do fútil e do transitório.Se seguirmos por essa via de raciocínio, falar a respeito de moda fica apenas no âmbito das apresentações finais dos designers, estilistas, modelos que cumina nas passarelas com seus grandes desfiles.Acredito que há uma outra maneira possível, que trata a moda como espelho da sociedade que a produz, uma abordagem sociológica e antropológica do fenômeno.
Como estudante de moda creio que as roupas tenham espíritos.Entendo moda como arte,tanto quanto a arquitetura ou a pintura(acho até que a moda guarda uma equivalência muito grande com estas).
A utilidade da moda está exatamente em compor o padrão estético de uma época,podemos mesmo agrupá-la a classificação de estilos que usamos para estudar a história da arte.
Vejamos bem,apenas os que não necessitam trabalhar podem usar roupas pesadas e incômodas, a roupa reflete a condição social de quem a veste. Neste sentido, a moda espelha a luta de classes, que movimenta a história da sociedade.Se pensarmos o Brasil da época do Império e na diferença que existe entre os trajes dos escravos que trabalham na lavoura e os escravos que residem na casa grande, veremos que a moda pode se dar ao luxo de operar diferenciações sutis: dentro da mesma categoria genérica escravos, ela pode matizar a melhor ou a pior condição social do sub-grupo que a está usando.
A diferença entre os trajes da senhora de classe média, a grande burguesa e a aristocrata não residirá tanto na forma adotada, mas na qualidade do tecido, nos detalhes do acabamento que foram usados...


Carla Lima
(design de moda)

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